17.5.06

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já que tem de haver uma são paulo e nela deve haver polícia e bandidos então certas coisas vão acontecer, necessariamente. vão precisar dividir o bolo e colocar a mesa. como fazem os pobres e os ricos, os ratos e as baratas e o papel e a caneta. em lados opostos um risca o outro, mija no outro ou até mesmo se apropria dos totens do outro. com as ferramentas disponíveis causam entretenimento e visam a captura e antropofagia do agrupamento antípoda. por razões óbvias os grupos acabam covivendo, tendo pontos de contato e sabendo muito uns sobre os outros. as coisas geralmente se restringem aos pontos de contato do suborno - o salário mínimo é um bom mau exemplo - mas de vez em quando é preciso mexer nas coisas e então algo acontece.
isso parece acontecer no oriente médio, na esquina da teodoro e em qualquer casamento mal sucedido.
vou dar um exemplo. hoje no metrô, a meio caminho entre o clínicas e ana rosa, no vagão lotado um homem virou-se para o outro e disse, calmamente: desculpe, mas o senhor está dando choques.
o homem ouviu e se afastou um pouco, com a convicção do estranhamento. ao se aproximar de duas moças saídas do trabalho eu, que estava próximo à porta ouvia quando as duas deram dois gritinhos, ao contato com o homem. elas também tomaram choques e ficaram espantadas.
a moça se segurou nas barras e todos os que também se apoiavam nelas tomaram choques. e uma namorada que pegava na mão do namorado deu um choque no namorado que encostou a perna na velinha no banco especial que quase encosta em mim.
as portas se abriram e todos incomodados no vagão ficaram esperando para tentar não encostar em niguém, quando eu sai fiquei com medo da escada rolante.

1 Comments:

Blogger Madame said...

Só a antropofagia nos une.

2:18 PM  

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