29.3.06

façam suas apostas

colocar as fichas na mentira ou na honestidade?
as escolhas, assim como os erros, são aquela mistura de acaso com destino que dividem o controle com a gente.
fica a seu cargo;o preto 15 da razão ou o 20 vermelho do instinto.
só não se esqueça nem se deixe levar.

ladrões e contextos

acordei com os gritos da vizinha de baixo: está todo mundo se matando!
abri a janela cheia de chuva e constatei, realmente estavam todos acabando com as próprias vidas. alguns se jogando na frente dos carros desgovernados que passavam, outros pulando dos prédios, uma senhora sangrava distribuindo facas para os mais calmos. um revólver passava de mão em mão, como um baseado.
assisti ao espetáculo até o desinteresse. será que eu teria que me matar também? tentei raciocinar, pensar nas criançinhas, nos bichos, mas só conseguia imaginar se ela acometeria-se também...
não. não foi um sonho. acabo de olhar pela janela e os corpos estão lá ainda. não há muito mais gente na fila para se matar, vou ter que escolher logo.
até lá, me diz a razão: reserve suas economias, dê o melhor de si, meça sua inteligência, acaricie sua inveja e continue sem entender, só não roube idéias, propositadamente.

28.3.06

guerrilha

1- passando mantega no pão: ligar para o ministério da fazenda e dizer que o copom abaixou os juros para 3%. logo depois ligar para o copom e avisar que o ministério da fazenda congelou todos os preços.
2 - contra-informação: avisar os jornais que um hacker qualquer está invadindo os computadores do BC e redistribuindo a renda na marra. depois ligar para os bancos informando sobre uma possível leva de investidores nervosos que resolveram sacar todo o dinheiro ao mesmo tempo.
3 - neo-petismo: pedir a pena de morte para o caixa-2 e dar um tiro no pé.

27.3.06

mudar o mundo

hipocondriacos, hipócritas, de rabo preso, absortos, lubrificados.
não há mais muita diferença entre os pronomes verbais.
impacientes, incipientes, traidores, fidedignos, designados.
não há mais muita diferença entre os tempos estudados.
peça de teatro, filme-cabeça, livro-alívio, poema-telefone-sem-fio.
enquanto planejam uma nova era de consciência, os criadores não se importam em ganhar algum com isso.
mas também, todo mundo precisa sobreviver. então, já que essa é a equação, fazer o quê?
viver bem; não se sabe aonde isso desagua. que tal no tietê?
p.s: um dia, um porquinho insatisfeito resolveu não tomar mais banhos de lama. ao mesmo tempo, em outro lugar, uma cadelinha entristecida decidiu que tentaria ser menos triste e aceitou usar uma coleira. passados alguns meses uma epidemia de alegria matou todos, que morreram felizes, para sempre.

22.3.06

o amor não é uma paciência exata

a formiga no teclado é quem está digitando esse texto.
o elefante no sofá vai ditar uma frase: estou com fome!
a mosca na xícara quer mais café.
a mariposa em volta da luz quer atenção.
nada que uma passada no zoológico não resolva.

17.3.06

labirintocado

ferro e fogo servem para laboratório. a oratória elaborada do nunca. que arrebenta o emissor, qual bumerangue bêbado.
se o sangue ferve, então serve para alguma coisa; reflexão, dar o braço a torcer.
na rua, em casa, no banheiro sujo da balada, no confessionário da lotérica, no depoimento cancelado, no habeas corpus, no hablo português - é o jeito.
candidato a problema.
piloto automático.

15.3.06

cloacatapultas

da rinha de galos à gripe do frango, duda está em cima do puleiro, cacarejando silêncio para não se comprometer botando algum ovo de colombo.
heloísa tentou fechar o cerco no circo, mas teve que se contentar com a idiotice do chefe da mesa, que exigiu que se deletasse sua referência ao legislatOvo podre.
o neto fez a barba e o bigode, só se esqueceu de tirar a foto do Ovô da carteira.
arnaldo faria, mas não vai fazer muita coisa não.
ontem, alckimin comemorou a candidatura comendo pizza com seus amigos da ovos dei.
o stf prefere poder a querer.
habeas corruptos.
em suma, uma ovação.

14.3.06

as luzes sentem falta

me exprema como uma laranja.
um bode expiatório para seu amor.
como as formigas para a fome do tamanduá.
ou simplesmente, as suas pupílas do tamanho do meu mundo.

13.3.06

aperfeiçoar o nariz

quem ai também não aprende com os erros?
estou escolado com super bonder.
ecoando o mesmo café todos os dias e pior; pensando e dispensando.
afinal, cagada a gente faz todo dia, o negócio é não culpar o papel higiênico.

12.3.06

longe

ainda havia muita estrada, mas maria foi chamar joão e chamou josé.
nossa...
o que fica, o que vai. de honestidades essa história está cheia, mas não completa.
o papel que cabe a cada um nessa palhaçada; um coloca maquiagem, o outro tira.
vão acusar o picadeiro? nada mais cômodo que a falta de modos.
mas a cena continua, dorme-se e acorda-se para as lembranças, até que seja tarde demais para contar nos dedos. perdoa a quem doer.

9.3.06

palavra ruim

rancor e carne de segunda; se deixar no freezer ficam intragáveis. como cigarros enrolados em papel de pão. pão que depois de 3 dias vira tijolo/ do mesmo jeito que é ruim ficar muito tempo em casa, é ruim também não querer sair dela. como acontece com relacionamentos traumáticos e presenciar cenas problemáticas.
a ordem dos fatores não altera os bois mas cuidado para não colocar o produto na frente da carroça.

6.3.06

noções de continuidade

me arranja umas pílulas de metira para eu atirar no poço. fazer uns desejos em desjejum para a estrada não acabar mais e continuar acelerando até decolar. passar os pedágios, descer a serra com a mão na sua perna.
era só reduzir a marcha para o carro morrer.
e mais nenhum plano, nem close, nem aberto, nem plongê. só travelling.
agora não somos mais das garrafas.