30.9.06

disfarsa

a realidade continua sendo o melhor esconderijo.
fazendo as pazes com desconhecidos, debate eleitoral, batida de avião, muitos esbarrões.
a arquibancada indignada, alguns juízes para cada lado, a renda do estádio impugnada, impedimento culposo, gol de gandula, invasão de campo, contra ataque, replay, prorrogação, juiz ladrão, falta violenta, narrador equivocado, virada para o segundo tempo, levar os 3 pontos para casa, falha da zaga, mão na bola(da), cartão vermelho, penalti, vestiários, ingressos, compra de ingressos, cambistas...
jesus corrêa, diga lá menino!

26.9.06

quatrocincoseis

tirou férias da coerência, e assim ficou uma semana correndo todos os dias até o mar para poder se afogar sem culpa. não entendia mais as pontes - deveriam ligar um ponto ao outro - mas aparentavam idade demais e, além disso, estavam com fome e havia sempre o risco de não chegar ao outro lado.
e o outro lado ou a culpa eram atributos cadavéricos da sua imaginação. só sobraram os pedaços. pedaço de palavra para tentar dizer alguma coisa. dizer alguma coisa para quê mesmo? ah, sim. para parecer vivo. o atributo das vivências na imaginação. dar continuidade aos tropeços, vontade de fumar, dor no pulmão. a noite, tirava fotos equivalentes sobre covardias. isso é só uma expressão. uma prancha para o sufrágio universal.

25.9.06

umdoistrês

vendeu a cama para sonhar melhor.
chegava todos os dias na casa de câmbio mas não conseguia trocar suas idéias por dólares. era o inverso dos objetivos que tinha traçado. um espelho da ambição - e como tal, uma careta de analogias e intuições de plantação perdida.
então era um prato de comida.
e logo era um exemplo para si mesmo.
vestido tarde demais, justamente pelado.

22.9.06

a unha existe

o barco tinha pernas e eu não sabia para quê.
releitura de fantasmas: o.k, isso é um morto, aquilo é uma música, lá está o mar.
cacto maluco faz comentários áridos sobre as cicatrizes do chão. de castigo até a chuva que vêm, vem?
olhar no telescópio dá confusão mágica.
o corpo domesticado tenta, mas não consegue se lembrar como se segura o eclipse!

21.9.06

mundo cigarro

a transposição. entrar em um negócio, garantir um dinheiro. os mesmos ouvidos.
a fome desse capítulo! quanta poesia no caixa, no desconto na fonte, o lirismo do final do mês...
a preocupação com o chão limpo, as mesas alinhadas. você aprova meu cardápio, a estética, a acústica. pede para trocar a música. o serviço merece os dez por cento.
trocamos desesperos. fecha a conta, compensa o fiado, vai embora. é cedo para virar noite, mas é uma noite vira latas, então é tarde para passar no banco. praticar organização com o lixo.
perder a mão no lixo garante uns 2 ou 3 sentidos, tão pobre essas sua traquitana de circo vagabundo. gorjetas para os presentes dos filhos, torcendo para desabar chuva na cidade e poder faltar. que se foda o desconto, a folha corrida não ajuda a trocar o papel do banheiro, lembrando do tempo em que vivia falando. se gabava de achar. olha agora o que você encontra por aí. pedaço de lixo dentro do lixo, pedaço de lixo dentro da comida, pedaço de comida dentro do lixo, pedaço de dinheiro dentro do lixo, pedaço de lixo dentro do bolso. opinião, não é?
descolou a retina. foi isso o que te aconteceu. ficou tudo nublado e sem foco. acordou, tomou um susto e bateu com a cara no abajour. pronto. um acidente de realismo para seu enredo lúdico. se trabalhasse em um cassino ainda poderia jogar os dados e esperar pela justiça divina. como aqui não é las vegas então que se contente com a desgraça desmedida, vai ao médico e corre para adivinhar o ônibus certo. mais um mês senhor. é o tempo que você tem para pensar o mesmo.
você é o cigarro de alguém, virando fumaça no pulmão de alguém. cabeça quente, pise em mim...

14.9.06

signos sanitários

banheiro de ônibus leito, um bom lugar para fumar um cigarro.
oswaldo cruz é até hoje reconhecido como sanitarista e nome de cidade.
não há sombra aqui, nem nas letras do w.c.
o deus do almoço vai ser o diabo na privada.

2.9.06

mar salgado

compêndio da nova língua portuguesa.
tempo verbal: avesso do passado. ex: O Brasil será descoberto em 1500.

agora frases de desgosto:
o imposto de renda detalhado, como manda o figurino.
lesmas não podem ser salvas.