14.4.14

ovíparos

descobriu que a vida era como um ovo.
chocante.
uma vida toda para sair em outro lugar.
estava frito.

17.2.14

critério

tantos defeitos no que falamos...

foi no dia 17 de fevereiro de 2014: as pessoas acordaram com a saliva ácida, como os aliens.
o casal foi conversar e um derreteu o outro, os caras foram discutir no trânsito e ficaram à pé, o aluno e o professor, o chefe e o empregado, o juiz e o advogado.
não houve conversa que terminasse naquele dia.

a resposta quieta.

6.2.14

transporte

havia um espírito na estrada. quem passasse por lá o veria pálido, translúcido, entediado. estava condenado à eternidade naquele trecho de asfalto. 20, 30 metros...
os bichos que viviam por lá o conheciam bem. conversavam com ele no curto espaço em que podia transitar, depois, até amanhã.
o fantasma já havia se irritado, aceitado, passado e repassado por todos os estágios de qualquer sistema que mede sentimentos, mas o que o incomodava mesmo era não saber quanto tempo mais tinha.
além disso, não se lembrava do que fizera em vida, não tinha nome, não tinha história. não sabia o que havia feito para merecer o castigo.
procurava sentido em tudo, tentando decifrar as razões que o levaram até aquele ponto.
morreu na estrada? viveu na estrada? tinha que cumprir algum carma? estava esperando alguém?

a única via, o tédio, eterno meio.

13.12.12

urgente

nada realmente existe

16.11.12

imersão

a inércia, a inércia...

8.11.12

cor ação

explodindo, explorando.
a dor no peito, a caixa quebrada.
o maior sentimento, a mais antiga preocupação.
todos doutores, todos pacientes.
lembranças, infartos.
dores, amores.

o melhor do coração é quando ele sente o chão: pesquisa.

7.11.12

termos

para cair da cama, voo solo.
para insistir no erro , retiro.
para amor impossível, incrível.

5.11.12

aferindo

arque com suas versões
parque de diversões
contido, sem tido.

baixo...
também acho.

espera, algo que a maçã não entende.

acho que deveria ter sido músico
acho que quero ser música

entrega.
em traga.
cigarro, pedido.

estou preso, repetindo comportamentos.
como se ouvisse sempre a mesma música.
looping pong.

tiro meus sentimentos do mundo. uma música, um silêncio, uma chegada, uma partida.
me explicam o caminho e rasgam o mapa.
rasgar:
raso e gasto.

recorrer ao quê?  jura? olhe com alta atenção:
220 voltas.
110 mega WHATS?!?!?


3.11.12

so far

gosto de apostar em tudo e em todos.
meu braço pela sua perna, minha carteira pelo seu salto.

as cartas... parceiras para escrever e para jogar.
os naipes, bendito alfabeto das probabilidades.
juntar a com b, b com c e ver no que vai dar.
dadaísmo ou pôquer? por quê? concretismo fantástico.
aonde quero chegar com isso?
sempre me pergunto... e aposto que isso não vai dar em nada.
mas falo mesmo assim, vai que alguém me entende.


2.11.12

propriedade

escolha seu ponto fraco:
- o meu é a língua.
e você? 
- o meu é o coração.

ok. você, o da língua, decore e faça o prato.
o do coração, bata tudo.

o garfo e a faca, medição do terreno. é aqui que vão morar, e morrer.
sem nunca terem sido um do outro.

adias a saída, tanto faz o sentido.

31.10.12

o bom de beber e escrever é que todas as letras são garrafais.

29.10.12

tempo no ringue

é loucura lutar contra a realidade, mas é completamente compreensível usar luvas e protetor bucal.
o que fazer? esperar o juiz contar até 10, descansar entre os rounds, tomar bastante água e proteger os ferimentos.
cada um tem um estilo: agressivo, dançarino, aquele que aguenta os golpes, aquele que pensa em estratégia...
cada um sofre e sonha de uma maneira. xadrez e boxe, o x da questão...
só não vale o resultado, a gente sempre sabe: nocaute certo e beijo na lona com todo o amor do mundo.

26.10.12

banho de fé

essa coisa de se limpar dos pecados é muito interessante.
tomar um banho, rezar um terço, tentar dormir, esquecer.

o expediente da humanidade. proporcional à água.

aquecimento global, né?

25.10.12

se cortar

o pragmático diz: se não estamos indo pra nenhum lugar, então por que estamos juntos?
o impulso retruca: e quem falou alguma coisa sobre ir, o que eu quero é ficar.

releituras do anjo e do demônio.

papéis rasgados pelo chão, lembranças de guerras gratuitas, eternidades esvaziadas...

tantas músicas pra dizer o que queremos, tantos livros pra articular o que pensamos e tudo continua tão cansativo que parece a primeira vez.

16.10.12

deuses e órgãos

essa coisa de fazer sacrifícios para os deuses é realmente impressionante.
os astecas que o digam.
fico sentimental quando tento entender os motivos deles.
e entrego meu fígado para Baco, relativizando a evolução.

15.10.12

muito tempo

garranchos digitados.
rachaduras nas perspectivas.

estava dirigindo, tentando conversar com a cidade, indo ao trabalho, quando parei num semáforo.
veio o papai noel e me entregou uma pílula gigante.
colocou ela no banco do passageiro e foi embora, de trenó.

triste e feliz.
preocupado e relaxado.
transbordado e vazio.

a pílula ficou me olhando. parecia um ovo, parecia uma farmácia.
anúncio de tempos melhores, agora é nunca.

o que fazer?

compreendendo o destino e a escolha.
lamber, comer, deixar, chocar, vender...

na marginal, bati o carro enquanto pensava no que fazer.
a pílula voou longe. caiu no rio.

como vou ter certeza de alguma coisa?


18.3.11

o homem dos rins de ouro

era uma vez em que errar era humano...

O sujeito sentiu um verbo nas entranhas. gritou, esperneou e foi ao médico.
- pedra no rim!
ele chorou.
métodos, estratégias e dinheiro depois. o momento da extração.
- vai sair, vai sair...
saiu a bendita pedra. para surpresa de todos era de ouro!
conclusão:
- rapaz, você precisa ficar doente mais vezes!

11.3.11

entre minhas

ter...
minar
nura
reno
ror!

ser...
agem
inga
iado
á?

e eu? possuir ou devo ficar?

9.3.11

mundo mesquinho

adulteração é troca injusta.
parece um pouco coisa de adulto.
isso, porque implica consciência.

não é à toa que são todos meio crianças, meio velhos. tentando se equilibrar em algum senso de ética misturado com ideias paranoides de sobrevivência.
é de matar, é de morrer.

difícil de engolir a tecnologia das pedras.

14.2.11

a grande fuga

e então, de repente, a página ficou em branco.
as letras todas fugiram. o alfabeto de férias da humanidade.
nos livros, nos jornais, na internet. só sobraram as figuras e os números.

e como, nos perguntamos, este texto está sendo feito?
é simples: você não está lendo, eu não estou escrevendo; nós estamos lembrando.

2.11.10

falta de humor

se pergunte: tá faltando categoria por aqui?
se a resposta for "sim", então prepare-se: mais hora, menos hora, você terá que enfrentar esta questão.
porque há lugares em que a simples menção ao óbvio é motivo suficiente para a criação de casos.
e eu me perguntando: a diferença entre impeachment e exorcismo é qual mesmo?

31.10.10

melancólica

ser imaginário, neste mundo, é difícil.
o vampiro estava ficando triste. ninguém mais se assustava com ele. também, depois de tantos filmes feitos sobre sua vida/morte...
o lobisomen, então! com tantos petshops por aí, estava mais enquadrado na sociedade que qualquer outro monstro.
as bruxas sentiam falta das fogueiras, o calor do menosprezo. agora eram chamadas de wicca e tinham até clube.
enquanto isso, aqueles de verdade, de carne e osso, vão ficando para trás. distantes, tentando descrever o que não sentem mais.

27.10.10

uma vez

qual a qualidade da mentira? pode parecer verdade.
qual a qualidade da verdade? pode parecer mentira.

6.10.10

o inverso são os outros

o purgatório é relativo. tempo e espaço repensados durante os bons e os maus momentos. nos não identificados também.
nenhuma urna comporta nada além de resultados. não julga-se a intenção.
por isso, toda vez que jogo na mega-sena, torço para estar errado.

1.9.10

visões do além

um dia, viu um espírito. estava saindo do banho e deu de cara com uma pessoa meio transparente, sentada em sua cama. por se tratar de um desconhecido que desapareceu quando se aproximou, concluiu que só podia ser um espírito.
ficou anos esperando outra aparição.
às vezes, quando andava pela casa, virava-se bem rápido para trás, para tentar surpreender o espírito, caso ele estivesse à espreita.
mesmo assim não viu nada.
já estava acreditando que tinha tido um lapso, um momento de insanidade no qual tinha criado aquela visita bizarra.
então, um dia, estava andando na rua quando tomou um susto. quem ele viu? justamente o rosto que nunca esqueceria: o fantasma!
o fantasma também o viu, mas fez de conta que não percebeu. mesmo assim, virou-se para o ex-humano e já disparou suas perguntas acumuladas. como você faz uma coisa dessas? quem é você? quase me deixou louco! o que você tem a dizer...
o fantasma, meio constrangido, respondeu:
- eu sei...desculpe, foi engano.

24.8.10

a sombra emprestada

Anedotas sobre sombras são comuns. São muitos os casos na história da humanidade; a sombra serve de metáfora e também como exemplo de tudo o que podemos querer dizer, sem necessariamente dizê-lo.
A sombra que persegue, a sombra possuida, a sombra ausente.
Tudo relacionado à luz que almejamos e à escuridão que nos persegue.
Pois a nova moda é emprestar a sombra.
Como fazem os partidos políticos, os casais em suingue, os amigos com dinheiro e os times de futebol.
Emprestei minha sombra para minha alma e agora as duas estão fazendo mímicas, imitando coelhos e outros bichos nas paredes da casa.
E eu aqui, solitário, sem sombra de dúvidas.

16.8.10

conceitos

o condicionador conversava com o xampu. desembaraçavam mentiras cabeludas...
o pneu se desgastava tentando apagar o asfalto. quem procura, borracha.
a faca decidia o futuro do pão. o chão fazia o resto. cara ou coroa? manteiga para cima ou para baixo?
o relógio dá voltas para tentar enganar o tempo, mas este só anda para a frente.

21.7.10

enquanto isso:
os olhos falando, a boca escutando e os ouvidos pensando.

23.6.10

como sonhar

se pudesse enxergar fantasmas, veria-os passando por nós, preocupados com a eternidade e de saco cheio do éter?
se pudesse ver o futuro, veria o tédio repetindo os versos e as dúvidas de gerações e mais gerações?
se pudesse definir o amor, diria algo que acabaria com o sentido, como se saber fosse também garantir?
tudo que não é deixa a vida bem melhor do que é.

16.6.10

o hábito da língua

costume é o conhecido. como manda o figurino.
acostumar bem que poderia ser tirar a roupa.
conhecer quer dizer passar a saber.
reconhecer poderia ser saber de novo. como se houvesse algum tipo de esquecimento no hábito.
sendo assim, o amor deveria sempre ser algo para se acostumar e reconhecer...

15.6.10

Pessoas e descobertas

Tem gente Colombo: vão até onde precisar, nem que isso signifique dar uma volta.
Também tem gente Cabral: têm endereço certo, chegando lá param e pronto.
E tem uns que são Vasco da Gama: torcem, caem pra segundona e não aprendem, e ainda trabalham de graça.

Isso sem contar os que naufragaram, perderam olhos, viraram comida de sereia ou esqueceram o diário em casa...

10.6.10

me explica

por que brasileiro aceita pagar tão caro pra ter um carro que vai ficar parado no congestionamento?
por que todo mundo que usa drogas sempre sabe onde conseguir, mas a polícia não "consegue" combater o tráfico?
por que todo mundo fica achando que vai testemunhar o fim do mundo?
por que a miséria continua?
afinal, por que tornamos o óbvio inimigo da realidade?

3.6.10

Do Oiapoque ao Chuí

João Pessoa estava perdido em uma estrada, olhando o Amapá quando perdeu o controle e Rondônia no asfalto, bateu Sergipe numa Brasília, ele ainda tentou Pará, mas não conseguiu; indo de encontro a um Mato Grosso, perto de uma Alagoas. Por obra do Espírito Santo, saiu quase sem nenhum Maranhão, com exceção de sua Pernambuco, o carro ficou Amazonas e o motor foi Paraná longe.

Umas Minas Gerais que estavam por perto se assustaram.

Foi difícil Acreditar, as calças do sujeito caíram, deixando à mostra seu pequeno Piauí.

O rapaz achou que Bahia se dar bem, que o que tivesse que ser, Ceará, coisa que Goiás vezes acontece; mas depois do susto uma das moças, a mais religiosa, Santa Catarina, olhando para ele de cima a baixo, Rio Grande do Norte ao Sul do que estava vendo.

Ele se Tocantins e ficou com vergonha do tamanho do São Paulo e disse: “Paraíba...”, morrendo de vergonha e começou a chorar.

A moça, muito zelosa, resolve ajudar e disse: “Pode deixar, quem Roraima, cuida...” enquanto se aproximava dele.

Moral da história: Quem Rio de Janeiro por último, riu melhor...

2.6.10

metabolismo

é hora de abrir o placar e de zerar o passado.
nada mais acontece.
antes teve carnaval, depois vai ter eleição. mas isso não importa, pelo menos não agora.
como essa respiração ao contrário, que contagia o ar e dá um alívio, por criar uma desculpa para assumir:
torcer ou retorcer, eis a questão.

1.6.10

sonho, ironia ou ideia?

o controle remoto era como um revólver. as pilhas eram as balas. dois tiros por vez.
mas é óbvio que, dada a programação, o primeiro tiro foi na tela e o segundo na cabeça.
foi assim que testemunhei o fim do mundo.

13.4.09

transbordar

se o coração fosse um copo teria que ser uma cachoeira.

da mesma forma; uma roupa feita, sob medida, para não caber.

7.4.09

entre o passado e o presente

uma selva, sem sentido.
as causas anulando as consequências...
uma civilização, com sentido.
matando a fome?

1.4.09

conclusões

essa história acontece, todos os dias, como o mito de prometeu...

é uma história de dominação, da luta e demonstrações estapafúrdias de poder...
(ainda que, para quem diz gostar de conflito, eles fujam dele sempre que podem)
geralmente começa assim:
o sujeito acorda um dia e no lugar da cabeça encontra o próprio umbigo.

a situação tende a piorar, pois é fato: umbigos não gostam de cabeças pensantes.
então ele se põe a caçar tudo que não seja ele.
umbigo é pior que narciso!

e ele angaria umbigetis, que levantam seus pompons para saudá-lo.
e, tal como um feudo, vão eliminando todos os outros órgãos, pelo prazer de sentirem-se menos inseguros, afinal sabem que são apenas umbigos.
pequenos darth vaders que, um dia, foram filhinhos de mamãe...

mas não se deprima, caro amigo, há uma coisa que os umbigos temem mais que tudo:
os cotonetes!

27.3.09

família kennedy

she-ra teve 3 filhotes. a muito custo, pois não gostava de nenhum cachorro que apresentavam a ela...
samba, ervilha e muqueca.
ervilha foi primeiro: morreu afogado na regan da família.
depois samba se enforcou nos cordões do tapete da sala.
por fim muqueca foi atropelado pelo cortador de grama.

mundo cão total.

25.3.09

a luta pelo papel higiênico

sensação de trabalhar em um grande banheiro público

16.3.09

castas

Esses dias, mexendo e remexendo pela rede, encontrei essa:
"hierarquia é igual a prateleira... quanto mais alta, mais inútil"

11.3.09

quando o mundo está de ponta cabeça fica bem mais fácil flutuar

6.2.09

Tinha uma chance. Ou um raio caia em sua cabeca ou ganhava na mega-sena. De qualquer maneira era um em um milhão.

4.2.09

ela é ácida

quando terminei de falar, espremeu os olhos como dois limões...

3.2.09

tire uma foto da sua paranóia

todo mundo tem um pouco de agente secreto. missões a cumprir, mistérios a manter...
por que estou falando isso mesmo?
ah, porque todo mundo também tem um pouco de detetive. perseguindo os agentes secretos.

31.1.09

ação e reação

às vezes ia para a frente do espelho para ver o tempo passar
a barba crescer
o cabelo cair
às vezes ia para pensar duas vezes nas coisas
em algumas ocasiões ia apenas averiguar se ainda estava lá

até então nunca tinha ido tentar se esquecer...

30.1.09

o dever e a peste

costumava achar que vivia no século xxi da era cristã. desde sempre vinha se preparando para isso.
em sua imaginação tudo era moderno e pleno. mesmo as desgraças tinham ares tecnológicos.
até que um dia acordou em um feudo.
e tudo o que essa mudança no olhar dá direito.

27.1.09

cotonete

a surdez é assim: primeiro você não ouve os passarinhos, depois os leões, depois sua cabeça, depois seus ouvidos.

20.1.09

contradito

algumas coisas da vida são como o detector de metais de um lugar que conheço... às vezes apitam, às vezes não.

19.1.09

dízimo

partindo da ilusão generalizada de que tudo é marketing chego a uma conclusão:
não é o teto que desaba, é a carne que é fraca.

18.12.08

não ironia

presépio: menino jesus, vaquinhas, ovelhinhas, reis magos, natal
presepada: o resto do circo, o resto do ano.

10.12.08

conciência ecológica

tinha uma festa a fantasia para ir.
se vestiu de árvore:
comprou uma serra elétrica,
desmatou-se.

25.11.08

o novo século

tirar os pós-modernos dos móveis...
ai, fim dos tempos!

10.11.08

colheita mirrada

inesquecivel essa minha amnésia

no brasil é assim: nada é crime, mas todos são criminosos.

clandestino ou acaso trans?

30.10.08

só cagada

estava uivando para o sol.
jogou uma moeda na privada.
macumba de galinha empalhada.
comeu nhoque no dia 28.
colocou o elefante de frente para a porta.

desafiando a sorte, dando chance para o azar.

22.10.08

santa irônia

no distante ano de 1994 havia uma espécie chamada neoliberal. este tipo agia na economia. ok. os tais neoliberais costumavam entoar magias sobre o bolso dos índios. uma delas mandava aumentar as juras, quer dizer, os juros.
pois bem, anos depois - ânus, para os íntimos - os (in)descendentes dos neo, ou seja, os neoneo dizem não! abaixa...
puro funk.

adivinhação. uma grande tara.
a polícia, o eleitor, a mega-sena, o casamento...

fronteiras, margens...

tudo muito pouco (!)

11.10.08

oh, shit!

Estávamos andando na floresta, com muitas tochas nas mãos, fósforos acessos, todos fumando quando descobrimos a pólvora...
- não são só os governos que não são sérios!
Ver acontecendo é sempre diferente, como assistir a um jogo na tv ou ir ao estádio e, eventualmente, ser jogado aos leões.
Já havia indícios. Empresas e crises, malversação.
Números, metas, ações, exageros, planos, e depois
Contagio, bolhas, retórica, alimento, sem escapatória
Tudo devidamente colocado sobre nossas cabeças.
Uma frase muito interessante: “Estamos nisso juntos. Entramos nessa togheter, sairemos dessa togheter.”
Juras de amor?, não, essa é a nova transparência do fantasma do bush.
Isso me faz pensar que não se pode também dar muito CRÉDITO a algumas situações na vida.
Afinal tratar leviandades como catástrofes e vice-versa está cada vez mais comum.
Está ai a hora do almoço que não me deixa mentir.

8.10.08

notícia

o duende que vive em sua cabeça brigou com o encosto que anda a seu lado pelo coração da ilusão que vive em seu coração quando todos se dirigiam para aquele lugar sem rumo... aquele mesmo, a incompreensão.

6.10.08

fugindo

não tem jeito, uma coisa leva a outra.
no sonho de hoje um monte de pizzas perseguia as pessoas. bocas de mussarela, olhos de peperoni, pensamento de canibal.
politicos? não, em mente apenas os habituais e desagradáveis percalços do dia-a-dia.
como lidar com esterco e ouro.

3.10.08

indo e vindo

acordou um rato, escovou os dentes como uma capivara, tomou o café da manhã igual a um hipopótamo, foi ao trabalho como um touro, negociou o dia a maneira das hienas, almoçou cercado de galinhas, teve até um momento humano, mas chegou em casa uma ameba.

sim, era um zoológico. tudo com muita propriedade.

9.9.08

buracos
cada vez mais

26.8.08

subitamente

um gole daquele beijo
uma volta naquela curva
uma noite naquele dia

nada.

manias...

18.8.08

eu vi, ninguém me contou...

o criado-mudo estava cheio de leite
o fogão foi mudando de forma até virar um grande travesseiro

quando acordei tinha a sensação de que aquilo ainda estava acontecendo e corri ao banheiro...
tinha lembrando aonde tinha deixado os óculos sujos.

ai varri a cozinha para bem longe da cama.

13.8.08

usava o mar como referência.
dia afogado
dia na praia
dia tomando sol
fugindo de raio
boiando
fazendo onda

usava as escadas como meio de locomoção entre as marés
degraus de areia

11.8.08

restos

tinha medo do dia 20.
quase todo mês algo bizarro acontecia, sempre no dia 20.
não era supersticioso, mas sabia que quando o 20 chegasse algo poderia acontecer.
nasceu no dia 20, foi assaltado no dia 20, sua namorada o trocou por outro no dia 20, bateu o carro, quebrou o braço, queimou a panela, parou de fumar, vomitou no trabalho, teve diarréia, perdeu o celular, rasgou a calça, foi atropelado...
em suas estatísticas pessoais os outros dias perdiam de lavada. teve um dia 14 em que seu guarda-chuvas quebrou, no dia 29 perdeu as chaves do carro, no dia 07 engasgou comendo manga... mas nenhum dia era como o dia 20...
nenhum recurso, nenhuma proteção, nem ficar em casa.
o aluguel vence no dia 20 e nunca se sabe quem pode vir para o jantar.

8.7.08

título

era um patife. honestamente.
gostava de recitar o alfabeto de trás para a frente.
(zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba)
amava tudo e todos, principalmente quando estava fazendo nada sem ninguém.
jogava tudo para o alto e conseguia dizer algo.

28.12.07

piquenique da passagem

aonde estavámos mesmo? ah é, perdidos. escute, isso não é um carro?

dê um tempo para seus ouvidos se acostumarem. não há nada aqui além das árvores e do riacho. não invente carros para atrapalhar nosso pique-nique.
sim, mas creio que ouço as formigas. elas estão vindo!

não se preocupe, atropelaremos elas.


cadê o champagne?

putz, tirei da geladeira e as formigas levaram...

o que você pensou para o ano que vem?

imaginei um grande unicórnio obrigando as pessoas a falarem mais alto, quase gritarem.

pois é, e os meus cadarços, que deram para duvidar do sol entre os prédios?

a semana entre o natal e o ano novo não te parece aquele buraquinho, entre o fogão e o forno?

onde brotam os pedidos?

isso mesmo... um mundo sem formigas...

13.12.07

abre-te vila sésamo

saiu o animal calheiros, entrou o garibaldo (verde e amarelo) alves. isso tudo enquanto o caco e a pig discutem quem pediu quem em casamento. perai, que isso são os muppets. mas também ninguém mais sabe quem é o pai da criança, então posso bem confundir os impostos com as contribuições, ou os tributos com os impostores.
nesse meio tempo o cara que batia na tina ( não a da turma da mônica); o ike turner morreu.
o lula molusco jurava que o dinheiro da cpmf iria para a saúde, quem diria. ok, obrigado. e os destemidos gênios da "oposição" - a turma do castelo ra-tin-bum; não querem nem saber de principio. agora o negócio é retaliação. vamos logo retaliar os seriados e desenhos infantis que são os verdadeiros culpados por sermos adultos tão idiotas.

5.12.07

dor de cabeça

havia um clima de pirataria no ar. com a suspeita da autenticidade da obra e as ressalvas usuais para circunstâncias como aquela. vernisages e lançamentos, homem ao mar, prancha e tubarões. o velho esquema: uma gota de sangue dirá tudo. e não é que somos todos cartomantes de alguma vontade de futuros, como se pudéssemos prevenir as desgraças com panos bem quentes, quase como uma recepção calorosa das tempestades e dos desvios de rota. como se perder em uma ilha deserta e dar-se conta da pergunta se são autênticos os pensamentos. afinal de contas, esses substantivos todos têm que pertencer a alguém?

23.11.07

quanto vale o show?

O CIDADÃO SAIU DO TRABALHO, CAMINHOU ALGUNS METROS EM DIREÇÃO À FAIXA DE PEDESTRES E FOI ATINGIDO NA CABEÇA POR UM SACO DE MOEDAS QUE ACABAVA DE VOAR DO VIGÉSIMO ANDAR DO PRÉDIO ONDE TRABALHAVA.
O NOME DISSO NÃO É IRONIA, É ACERTO DE CONTAS.

14.11.07

para amores distantes

" se estivesse do lado de cá do seu coração seria capaz de ver o que cavei por você.
com o perdão da redundância; os dias sem você não passam, doem. como cansar de
uma música que é impossível parar de ouvir. lembrando, com medo, do abismo entre
nós. se realmente pudesse deixar o coração na boca aí sim poderia dizer que te amo"
numa lata de lixo, em uma balada qualquer.

6.11.07

está no pé da cadeira

muita virtude nesse século xxi
o céu fugiu com os cachorros. estamos todos procurando, mas vai ser difícil.
as estradas se esconderam no mato, os ecologistas não conseguem mais chegar aonde querem.
constrangedora essa coisa de ter objetivos no mundo dos ciclos de lavagem.
postamos nosso amor na bolsa de valores.
para o acender e apagar das idéias.
ainda que entretanto o tato ainda seja o melhor esquecimento.

26.10.07

refluxos

viciei as formigas lá de casa em vinho.
era um pequeno projeto; desilusão em massa.
isso porque não conseguia mais ficar indiferente a nada.
uma evidência de que há vida inteligente na flora intestinal.
e essas frases ficando cada vez mais longas são um claro sinal:
acordei às 3 da manhã achando que já eram 8, depois acordei às 9 com a certeza que ainda era meia-noite.

13.9.07

Boi da mala preta
Paga essa menina
Da jornalista com a mutreta

30.8.07

mera suposição

um cubo que não se reconheça mais como figura geométrica tem ou não o direito de viajar?
sentindo-se uma esfera ou uma lagartixa pode ser que cuide diferente dos seus afazeres e entendimentos.
dessa maneira ele, o cubo, seria levado a não reconhecer também as coisas que lhe são familiares. afinal seria necessário ser apresentado ao próprio espelho.
o cubo logo concluiria que tem coração de cubo.

20.7.07

peitoral

esses tempos um conhecido meu tem enfrentado seus demônios.
os eventos trágicos e os esportivos só acentuam o peso dos exorcismos.
condecorações, souveniers, lembranças, pedaços.
e as siglas.
os demônios são apenas uma figura de linguagem, não existem realmente. é apenas um momento estranho, de necessária ponderação.
um avião explodiu em são paulo, após o pouso; na semana do panamericano do rio, quando o acm morreu.
e esses são os fatos para os demônios do meu conhecido.

16.4.07

Se você está andando na rua, pensando na sua vida e todas as pessoas começam a falar grego e te dar presentes, o que você faz?
Agradece e sai correndo, não?

13.4.07

pensava tão bem antes de dizer algo que organizou suas idéias por ordem alfabética, próximas da prateleira dos escritores e da dos remédios.
também organizou, dentro de cada letra, os pensamentos que começavam com letras maíusculas e minúsculas.
havia coisas que só faziam sentido se rimassem. pensamentos parnasianos para momentos dodecassílabos.
mas um trem incoerente ou mesmo cenografias cifradas, ou os labirintos em série - e os enlatados-; indicavam algo mais. como um cachorro em cena.

10.4.07

paralelograma

estava uma torre de pisa, apertou o caps lock na hora errada, arrancou a cabeça do passarinho, deixou o vinho aberto,
lembrou que fazia tempo que estava cansado, foi até a loja de peixes exóticos, perguntou o preço do beta, tentou entrar no aquário, bebeu água da sarjeta.
as câmeras! tentou botar a culpa nas câmeras. se fosse uma câmera não gravaria nada! nunca mais.
está bom, escrevia o que achava que pensava para ver se pensava o que achava que estava escrevendo.

22.3.07

calvários

metamorfoses. muitas vezes são só as coisas acontecendo.
já transformações de idéias são mais difíceis. rearranjos.
ainda que nada seja excludente, todos podem se separar.

19.3.07

um poste caiu. foi esse o resultado da manifestação promovida pelos pês da paz.

13.3.07

carangueijos, cobras, porcos, vacas, formigas...
e, no final, sempre o plâncton.

1.3.07

um exame de abelhas atacou o mel das investidas infernais.
estamos todos desfalecendo um pouco a cada novo dia desse ano basílico.
os gostos estranhos, olhos enxames.
histórias descoladas, realismos de casal.

31.1.07

formas de absorção. leitura, audiência, osmose...
objetivos: organizar o trânsito.
observações: as árvores passam muito rápido.
o resto é posologia.

29.1.07

amor, empreitadas, barcos, garfos.
carregar pedras é mesmo um ofício estranho.
mas encher balões também.
fazer mudanças, arrastar os móveis, dar downloads.
todos diferentes, mas o peso é o mesmo.

16.1.07

dinheiro para viagem

pessoas juke box têm aquela coisa de serem chamativas, mas esgotarem o repertório logo. além disso comem moedas.
as pessoas juke box serão logo substituidas pelas pessoas ipod.
como aconteceu com os cidadãos video cassetes quando chegaram os dvds.
e antes também, quando os dinossauros cruzaram o caminho de thomas edson.

11.1.07

hipnoses e cursos de rios

se não fosse a clonagem será que inventaríamos as pessoas?
obviamente a clonagem é a língua da babilônia. as franquias que o digam. os fraudadores também, além dos freudianos; como se sabe.
ou talvez possamos dizer que é inspiração. a metalinguagem no outro. quase um exército. os artistas da fé preguiçosa.
comer o bolo, fazer a digestão e depois lançar a dialética. de vez em quando um laxante de anarquias. algumas partes do corpo não entenderiam uma greve de fome.
vamos a um exemplo:
andando em uma plantação enorme de abacates, ninguém por perto. avisto um abacate no chão, chego perto vejo no canto do olho uma coisa verde caindo no chão, veloz como um abacate despencando de 8 metros de altura. o vento balança as árvores e os abacates começam a cair, como os sapos no Magnólia, mas uma das coisas verdes caindo das árvores não é um abacate, mas sim um alienígena, como em E.T. sou atingido por alguns acabates mas continuo bem, o alienígena vêm até mim, como o sr. burns - no episódio dos simpsons com o arquivo-x, seus olhos brilham e ele faz menção de falar algo. silêncio. os acabates pararam de cair e tudo parece uma floresta de sopa verde, com o vômito do Exorcista.
o alienígena abre a boca, mas eu não consigo ouvir e sou atingido por uma sensação vertiginosa, satisfeito por saber que não sou eu quem está aqui.

5.1.07

coisas se sucedendo

na escola tinha a recuperação. que era seu jeito de demonstrar que algo estava certo demais.
aí levou essa lógica pro resto da vida. segunda época no romance, d.p. no emprego.
com a chegada da progressão continuada o jeito foi montar álbuns de figurinhas.

2.1.07

alucinações auditivas

tudo começou quando deixei cair uma garrafa de champanhe e tudo que ouvi foi um passarinho cantando.
horas depois foi só recolher a orquestra.

19.12.06

a sabedoria dos vaga-lumes

acendi uma vela por causa daquela barata.
também teve aquela aranha e depois aquela mariposa.
outro dia eu vi uma lagartixa na janela,
e também um mosquito na madrugada.

agora, fumar um cigarro no escuro. a última promessa de ano novo.

4.12.06

percebeu que quando coçava o dedão do pé, doia o coração.

1.12.06

botões

teve aquele dia em que estava admirando todo mundo pela determinação e acabei batendo palmas para a formiga subindo o hidrante.

30.11.06

revolta

a testa rumina!
mar que semana nas ondas do mas.

24.11.06

vertigem não é a mesma coisa que medo de altura, isso só se aprende de ponta cabeça. porque o cérebro também sente o mesmo com os pensamentos.

22.11.06

linha

está com as paredes riscadas, a maçaneta esclerosada e o interruptor derretido; fora disso, tudo bem.
só andava fazendo transcrições, tinha parado com os alucinógenos e agora só usava os alucinantes.
ficará perdido entre o verão e o trabalho e isso vai fazê-lo pensar em montes de coisas.

17.11.06

pode ser uma sinapse.

14.11.06

criadores!

tédio de contar história, remodelagem do jeitinho - eu também sinto isso- nossa, é assim mesmo. ditadura dos convencidos do tempo/clima de dentro dos pastéis. mistura ficção com documentário pra facilitar a própria vida e depois se sente mal, a única coisa da qual não sente culpa é da culpa mesmo. extrativismo vegetal!
realmente é muito bom não ter importância.

13.11.06

até a boca

- vai comer vidro.
- os estruturalistas estão ganhando!
- os últimos andares serão os primeiros...
- pobre.

7.11.06

formulário

vivo ou morto. verdade ou mentira. água ou fogo.
excludentes, suplementares, complementares.
esse jeito contraditório de pensar está confundindo meus conceitos.
afinal parece que é verdade que alguém está morto, mesmo estando vivo.

desemboca nas relações.

5.11.06

1 ano

conheço
recomeço

19.10.06

casamento

demos um beijo talibã em nova york, depois sexo pagão no altar cristão. para fechar abraços transparentes na ordem da carne.
bom termos essas cordas todas para pendurar nossas histórias, farejar nós.
um chuveiro permanente, derramando esquizofrênias de verão ou inverno, conforme o sentimento. registro aberto.
dormimos na palha, procurando a posição certa para decolarmos, fermentando a varanda de onde vamos olhar o mundo dar voltas. e eu pego em sua mão o calorzinho bom de todos os tempos misturados, desmanchados de vinhos.

18.10.06

quarta-feira

vinha descendo a rua com seu joelho manco quando lembrou de passar no sanatório para pegar as entradas do show.
ainda havia duas horas para a chuva começar e precisava tomar um banho de águas vivas antes de repassar a receita dos cigarros.
estava com gosto de outra coisa, mas insistia em perceber intenções no lado de dentro dos gritos que dava a cada degrau que subia.
estava na promoção internacional.
um mendigo de binóculos pode dar perspectivas além das contagens regressivas. nós não estamos dormindo além do necessário.

17.10.06

está chegando

disse que iria parar, mas sabia que só precisa falar para se sentir melhor. não iria parar com nada. falar era um alívio, a tampa da panela.
e se espantava com o poder desse alívio, a ponto de contar com as palavras para fazer suas pequenas merdas cotidianas. terapia evolutiva. os polegares da consciência.
sua voz era até engraçada, confessando para si mesmo; não tinha graça quando falhava na promessa ou escorregava em algo que sabia ser mentira.
era sempre nesse momento que o poder das palavras perdia um pouco da magia, sabia que tudo era questão de indução. suícidio auto-assistido, auto-narrado, o direito penal.
era isso ou respirar fundo.

10.10.06

o vaso

era uma planta de um prédio. e assim era também um número. por consequência era por consequência. o que não significa que também não seja em outras relações que não as causais.
apesar do fato das relações causais serem muito abrangentes. como explicam os polegares das águas vivas.
- mas eu vi, a bomba explodiu aqui.
- senhor, não explodiu bomba nenhuma aqui. ninguém mais ouviu nada nem viu fogo e não há nada destruído. não há nenhum cadáver, nem marcas em nenhum lugar.
- eu estou dizendo. foi bem aqui. você não acredita em mim?
-certo senhor, então está bem. nós vamos registrar a sua consideração e depois entramos em contato.
- espere, quem colocou a bomba morreu na explosão. acho que explodiu antes da hora.
- sim senhor. um homem bomba.
- não era um homem. era uma nave!
- ah...
- o senhor não costuma ler revistas?
- eu não tenho tempo. só vejo televisão.
- então! hoje a noite sairemos nas notícias. explosão que ninguém viu preocupa o brasil; após os comerciais...
- e o que nós ganhamos com isso?
- nós ganhamos a corrida espacial.

4.10.06

sonho terapêutico

eu estava vestido de freira e tinha que dar uma palestra para uma sala cheia de pessoas engravatadas, comendo melancias. fui começar a falar e só conseguia pronunciar 13, 45, nulo! branco! abstenção!!!
o problema é que as gravatas pareciam não se importar. uma delas virou-se e perguntou-me:
a balança comercial não mente! é um dedo na ferida...
eu respondi: 45!
apareceu um moça com muitas taturanas rastejando por seu corpo e disse: a peça está cancelada. está havendo um litígio pelo ouro. as pessoas ficaram agitadas e, bem em minha frente, algumas delas começaram a virar bebês!
tentei pedir calma mas só falava: abstenção! abstenção!
notei que estávamos todos em uma grande jaula, que eu sabia ser de um enorme pelicano ciclópe que só comia quem tinha convicção política. eu gaguejei 45,13...
eu começei a salivar muito, já não conseguindo falar. fiz as contas mentalmente, 45 mais 13=58. 5 +8, 13. 1 mais 3 é 4. 4 e 5 dão 9, 9 menos 4 é cinco.
e eu procurando os diferentes nomes para meu fetiche por freiras!

2.10.06

diálogos de halloween

- você está cansando minha beleza.
- tudo bem, não foi minha intenção. é que eu deixei minhas conotações na outra calça. e sempre que te encontro estou com essa! cheio de pulgas.
- não, não tem problema. vou furar seu olhos, já que você não usa mais.
- sei lá, é que eu tenho uma abóbora em casa faz três meses e pensei em falar dela para você.
- o quê?!

30.9.06

disfarsa

a realidade continua sendo o melhor esconderijo.
fazendo as pazes com desconhecidos, debate eleitoral, batida de avião, muitos esbarrões.
a arquibancada indignada, alguns juízes para cada lado, a renda do estádio impugnada, impedimento culposo, gol de gandula, invasão de campo, contra ataque, replay, prorrogação, juiz ladrão, falta violenta, narrador equivocado, virada para o segundo tempo, levar os 3 pontos para casa, falha da zaga, mão na bola(da), cartão vermelho, penalti, vestiários, ingressos, compra de ingressos, cambistas...
jesus corrêa, diga lá menino!

26.9.06

quatrocincoseis

tirou férias da coerência, e assim ficou uma semana correndo todos os dias até o mar para poder se afogar sem culpa. não entendia mais as pontes - deveriam ligar um ponto ao outro - mas aparentavam idade demais e, além disso, estavam com fome e havia sempre o risco de não chegar ao outro lado.
e o outro lado ou a culpa eram atributos cadavéricos da sua imaginação. só sobraram os pedaços. pedaço de palavra para tentar dizer alguma coisa. dizer alguma coisa para quê mesmo? ah, sim. para parecer vivo. o atributo das vivências na imaginação. dar continuidade aos tropeços, vontade de fumar, dor no pulmão. a noite, tirava fotos equivalentes sobre covardias. isso é só uma expressão. uma prancha para o sufrágio universal.

25.9.06

umdoistrês

vendeu a cama para sonhar melhor.
chegava todos os dias na casa de câmbio mas não conseguia trocar suas idéias por dólares. era o inverso dos objetivos que tinha traçado. um espelho da ambição - e como tal, uma careta de analogias e intuições de plantação perdida.
então era um prato de comida.
e logo era um exemplo para si mesmo.
vestido tarde demais, justamente pelado.

22.9.06

a unha existe

o barco tinha pernas e eu não sabia para quê.
releitura de fantasmas: o.k, isso é um morto, aquilo é uma música, lá está o mar.
cacto maluco faz comentários áridos sobre as cicatrizes do chão. de castigo até a chuva que vêm, vem?
olhar no telescópio dá confusão mágica.
o corpo domesticado tenta, mas não consegue se lembrar como se segura o eclipse!

21.9.06

mundo cigarro

a transposição. entrar em um negócio, garantir um dinheiro. os mesmos ouvidos.
a fome desse capítulo! quanta poesia no caixa, no desconto na fonte, o lirismo do final do mês...
a preocupação com o chão limpo, as mesas alinhadas. você aprova meu cardápio, a estética, a acústica. pede para trocar a música. o serviço merece os dez por cento.
trocamos desesperos. fecha a conta, compensa o fiado, vai embora. é cedo para virar noite, mas é uma noite vira latas, então é tarde para passar no banco. praticar organização com o lixo.
perder a mão no lixo garante uns 2 ou 3 sentidos, tão pobre essas sua traquitana de circo vagabundo. gorjetas para os presentes dos filhos, torcendo para desabar chuva na cidade e poder faltar. que se foda o desconto, a folha corrida não ajuda a trocar o papel do banheiro, lembrando do tempo em que vivia falando. se gabava de achar. olha agora o que você encontra por aí. pedaço de lixo dentro do lixo, pedaço de lixo dentro da comida, pedaço de comida dentro do lixo, pedaço de dinheiro dentro do lixo, pedaço de lixo dentro do bolso. opinião, não é?
descolou a retina. foi isso o que te aconteceu. ficou tudo nublado e sem foco. acordou, tomou um susto e bateu com a cara no abajour. pronto. um acidente de realismo para seu enredo lúdico. se trabalhasse em um cassino ainda poderia jogar os dados e esperar pela justiça divina. como aqui não é las vegas então que se contente com a desgraça desmedida, vai ao médico e corre para adivinhar o ônibus certo. mais um mês senhor. é o tempo que você tem para pensar o mesmo.
você é o cigarro de alguém, virando fumaça no pulmão de alguém. cabeça quente, pise em mim...

14.9.06

signos sanitários

banheiro de ônibus leito, um bom lugar para fumar um cigarro.
oswaldo cruz é até hoje reconhecido como sanitarista e nome de cidade.
não há sombra aqui, nem nas letras do w.c.
o deus do almoço vai ser o diabo na privada.

2.9.06

mar salgado

compêndio da nova língua portuguesa.
tempo verbal: avesso do passado. ex: O Brasil será descoberto em 1500.

agora frases de desgosto:
o imposto de renda detalhado, como manda o figurino.
lesmas não podem ser salvas.

31.8.06

gráficos de desempenho

a falta de vontade ganha cada vez mais corações e mentes no país do futuro. não se trata de tratar as situações como sobremesa após a feijoada, coisa de satisfação; é pura honestidade preguiçosa. veja só, ao invés de inventar qualquer bobagem para justificar a ausência em algum evento basta dizer; não estou com vontade. mesmo com o risco de ouvir um desaforo, a chance de uma argumentação é nula. no máximo vão te julgar um vagabundo. coisa que você já descobriu faz tempo.
no trabalho é o suprassumo do mistério. já fez? não fiz. por quê? não quero. mas vai fazer? vou, pode deixar. só podem te considerar um gênio eficiente ou um completo incompetente. em qualquer dos casos, pode confiar que você sai ganhando. ( uma promoção ou o seguro desemprego, em quase todos os casos servem ao mesmo propósito, o de sair dali sem precisar fazer esforço).
a falta de vontade também serve para relacionamentos capengas. afinal de contas, na hora de colocar as cartas na mesa, é só dizer: não quero, e pronto. mais uns dias com o cartaz "em obras". e também serve para bons relacionamentos, afinal a falta de vontade é uma boa desculpa quando te questionam se você está insatisfeito com seu amor. "não quero mais nada, meu amor".
agora, a melhor coisa da falta de vontade é que ela te protege da tremenda decisão que você tomou em sua vida, o elixir da sua existência vã. a vontade de faltar.

30.8.06

páreo aéreo

passei na frente do hipódromo e vi que alguém estava sendo homenageado. ia reto quando um cavalo quase me atropelou. era o homenageado. super campeão de não sei quantas voltas, não queria a aposentadoria. foi atropelado por um carro forte.
o dono do campeão chorou a morte de seu troféu. o jóquei não conseguia irromper o cordão que se formou em volta de sua montaria e eu fiquei com o pé doendo.
se isso fosse uma história moral eu diria que o cavalo aprendeu mas não pode usar, o dono usou mas não aprendeu e eu aprendi a mancar.
anda bem que o frio estava lá para me lembrar de pegar um drink com o garçom e fazer de conta que estava na festa também. é assim que uma balada vira um funeral para uns e uma caminhada vira um longo e singelo aviso.

29.8.06

até daqui a pouco

motivos. telefonar para não falar. razões.
à vontade para não precisar, no sentido exato. dos desejos que existem sem querer.
um coração na bandeja.
só pela companhia, sou isso aqui.
essa porta aberta apresenta o que vai desaparecer com o que vem surgir.
inverno astral.

um erro de julgamento

a própria mesa. quando iria imaginar que seria traído pela própria mesa?
gostava do sol, então ficou mais indignado que fosse em um dia bonito. preferia que tivesse sido em um dia ruim. como hoje.
a salvação, tinha mais uma só guardada e esqueceu aonde colocou. pensou que estava em cima da mesa, mas não estava.
encontrou com a verdade na rua, perdida; tentando achar sua casa. ela só se lembrava do próprio nome, mais nada. parecia gostar de sementes de girassol também. estava com um saco cheio delas nas mãos. será que a verdade tinha um papagaio?

28.8.06

recreio

era bom em se investigar. o procedimento essencial, se colocar na parede, a luz na cara. tirar fotos do espelho e seguir os passos até a casa das drogas ou até o caixa eletrônico. sem surpresas, selar as diferenças, assinar a confissão.

27.8.06

matemática

fuligem existêncial e caneta no final, difícil arriscar.
energia nuclear e lixo radioativo, zoológico ou supermercado. as esquinas vacinadas e as bundas vicinais.
ela estava cansada da distância então atentou contra o tempo, deu marcha a ré no dilema e deixou o corpo tremendo com a previsão das nuvens.
era uma bomba, em algum estágio do carma.
a raíz quadrada do sol do inverno são os investimentos em módulo.

24.8.06

fósforos de verdade

ver um velho, comprar cigarros.
o boné do mendigo, esquecer os cigarros.
contar as pessoas, cheiro de cigarro.
sentir o tempo, uma fila de fumantes.
sentir saudades, só fumar meio cigarro.
tentar parar, seguir na rua.

10.8.06

ligações aleatórias

todas as conversas foram devidamente traduzidas para o português:
chequei o código do país e da área e liguei despretenciosamente para um número na inglaterra :
- alô, por favor o dono da casa.
- sim, posso ajuda-lo?
- senhor, somos um centro de pesquisas mundial e estamos interessados na sua opinião sobre a qualidade dos desenhos animados.
- não sei, provavelmente aprovo, desde que eu não saiba de nada.

depois repeti o procedimento em uma ligação para os e.u.a:
- alô? gostaria de falar com o proprietário.
- espere um segundo que ela está atirando nos pardais, nós odiamos quando eles fazem ninhos nas nossas árvores!
- eu espero...
- alô? fale rápido que a arapuca ainda não está pronta e meu primo de israel quer jantar passarinho.
- por favor senhora, gostaria de saber sua opinião sobre a alta nos preços das rolhas.
- o preço das rolhas aumentou?!
- sim senhora!
- inacreditável...

mais uma vez, agora para o líbano:
- alô?... alô?...
- você acessou a caixa postal, deixe seu recado após o estrondo...

agora são paulo
- alô? deixa eu falar com seu pai.
- não conheço...
- e sua mãe?
- foi trabalhar.
- então me deixe falar com alguém mais velho.
- eu sou o mais velho daqui! já concorri a quatro eleições. perdi 3, mas ganhei 1 e agora vou ganhar outra!
- está bom, você serve. o que você acha que daria o cruzamento de um raio-x com uma bolinha de gude?
- deixa eu pensar... já sei: combate à ética e salários baixos?!

9.8.06

maçaneta

se a sanidade fosse uma poupança, então estaria preso na conta corrente.
se o carnaval fosse uma caneta, a tinta tiraria o papel para dançar.
quando os elefantes se beijam dão trombadas.
se houvesse cuidado ninguém deixaria a consciencia tratar a compreensão com tanta indelicadeza.
se eu não conhecesse meus fantasmas diria que o vidro não é transparente.

quando os defeitos da matematica, quando fecham os olhos, quando o circulo pai ensina o circulo filho, quando o tempo deixa uma música mais bonita.

um pecado essa macieira, mãe do ponteiro, pai dos encaixes, girando de um lado para o outro. além de abrir e fechar,
uma porta que sirva de mesa, para a gente se servir melhor.

8.8.06

degustação

tirar a roupa de outra pessoa ou adivinhar o que ela está pensando são atividades parecidas . o que interessa é o que está por baixo.
toda vez em que fico mudo tento fazer sugestões que digam algo. por exemplo, agora estou lambendo a ficção.
esse silêncio entre a voz e a boca é a imaginação. treinada para não enxergar letras engessadas ou topar em pedras egocêntricas. justamente por isso, sensibilizada no paladar dos gestos. ainda que caia no esquecimento.
isso porque a lingua também quebra.

7.8.06

vale

para os momentos em que o "eu não posso" é combustível para o " eu quero"...
tinha o capacete. era um fato. também sabia fazer vinho da uva. fermentava as idéias.
olhava para as cotações nas vitrines, sugando o ar, fazendo monóxido de carbono nas monoculturas de paisagens. filmes, longas metragens, essas miragens. uma salva de tiros é sempre uma contradição, como tirar a salvação.
a balança perdeu as contas de quantas vezes tentou se enganar. tropeçava sempre nas consequências o mágico da previdência. e carregava no sotaque o mudo culto.
notícias dos valores, notícias profundas.
também podem servir para bombardeios cirúrgicos e cirurgias bombásticas.

2.8.06

trajetos

tem mais estômago que cérebro a fome de conhecimento. também pode-se dizer que são mais literais do que significativas as sopas de letrinhas.
ainda que se possa afirmar que são mais daltônicos que cronologicamente corretos os poetas que caem duas vezes no mesmo lugar. como os semáforos inteligentes.
os macacos tentando encaixar o retângulo no lugar do círculo.
como as pessoas que detêm o amor.
grandes rios e as erosões de suas margens sempre trazem lembranças sujas de barro.

1.8.06

ponderar não é preciso

bombas de gás, os sonhos confusos na baderna, a rua tomada. de um lado as vontades, do outro os livros mau lidos. era hora de chafurdar na incoerência, mas quem é que conseguiria não fazer sentido? as conversas todas de trás para a frente eram também bússolas para as balas de borracha, para as bolinhas de gude e para os guindastes carrancudos que levavam e traziam os fantasmas das construções.
estávamos gestando nossa mudança. prontos para o futuro que não precisamos enxergar. descendo os nervos, ultrapassando a pele, alcançando o coração.

27.7.06

especialidades

tempo seco. pesquisa de intenção de voto. alice virando rainha. o suicidio da madame. duas na estatística de uma. noções de continuidade. deitada na rede. montando o cenário. cuidando da imagem. uma aula, algumas lições.
nichos, especializações, consciência de classe, partidos, empresas, times.
ironia, asfixia, travessia.
ensolação.

25.7.06

desenvolvimentos

atenção proprietários do país placa br-666. favor removê-lo da frente do shopping center.

máfia? quem diria que ligar a sirene faria tanto barulho.

olhando as ondas concluiu os pés na areia.

era um desatino querer até não querer mais.

o teto da nossa cor, a cor do nosso teto.

17.7.06

ou dá ou desce

acerto de contas, esmagar insetos e pular corda com fronteiras.
atividades lúdicas desse novo século. a pré-história do futuro somos nós!
matar outra pessoa ainda parece ser a maneira mais eficiente de ganhar uma disputa. vejo até uns casos por esse mundo afora que dão a impressão de que a disputa é mesmo matar. deve haver causas motivacionais, religiosas, morais ou financeiras, mas não são mais páreas para parar com isso.
as novas olimpiadas, na era do esporte do tédio, dos interesses multinacionistas. prontos para recontar a história.
e isso tudo pelo direito de imprimir mais papel. aja teoria da comunicação para explicar a velocidade dos cuspes e a constipação societária. a vingança casada com o forno microondas.

14.7.06

diga você

arrebentou a terceira mão na sinuca da casa. era uma tempestade de pernilongos cansando a vista. o toque da lâmpada. perguntou pelo gênio, o entregador de pizzas. qual a ladainha mágica que cava túneis pela poluição. tentou passar sabão na voz para ver se o vôo ficava mais agradável. nem tomando pinga com verdade! era um carrossel de trompetes, um véu de janelas, os abismos pela metade das casas lotéricas. pegou uma rua e foi nela até o fim, até que o fim perguntou se era ali que vendiam pastéis. é lógico que não. era um padeiro das indiferenças. voltava para casa de cabeça baixa, no ônibus queimado. as mãos! vejam as mãos, elas estão crescendo.

11.7.06

flechas sob encomenda

está um poço de alguma coisa, tentando calhar de fazer algo. ruminar o gosto de enchente e dessarrumar a vontade do que precisa. foi um tempo de si mesmo, agora está carente até de linhas, coloquial na estância derradeira. parado de anemia. é a volta batendo na cara, fazendo sua barba, coçando sua orelha. conseguia ainda ouvir música ou era só o caminho do ônibus? estava inventando motivos ou estaria passando do ponto?
depois traçou um plano daqui até o sol e ficou esperando as formigas espirrarem. saúde! a benção canibal tinha barrigas que pareciam cavernas. eram os minutos avariados do pac man com indigestão, do carrinho de mercado tombado, parecendo um sufixo inteiro, dinheiro.
o negócio da alma.

6.7.06

indefinições

quantos dentes tem um engano?
com quantas perguntas se volta ao ponto de partida?
quantos jogos para ganhar alguma coisa?
as palavras são honestas, é a honestidade que não fala.
procriado, alastrado. qualquer coisa que signifique que fodeu.
parece então lógico que qualquer frase, assim como qualquer estante de livros, seja um cadeado de pulos.

3.7.06

dança no teto

enquanto a lua passeia pela rua poderiamos estar comendo essa noite e caçando os botões dessa resposta. e mesmo assim, estamos abertos aos raios e para as cachoeiras, abertos para a música da madrugada, para o frio fazendo fumaça, na inscrição da vidraça.
as estantes e as estátuas estão terminantemente desmanchadas.

29.6.06

projetos e projeções

apego, não apaga.
iriam ou vão?
isso não é equação, não é porta e nem é transporte.
não é que o amor também se camufla?! bem nos encanamentos da casa que virá.
perceber, interpretar, o que quer dizer quando desencaixa?
a imaginação quer dizer. o coração quer falar.
de como uma coisa só podem ser várias diferentes, e principalmente, de como várias coisas podem ser iguais.
inexatamente aquelas palavras que faltam para descrever estar pelado de amar.

28.6.06

caverna

saudades, quando não é especificada, é nostalgia.
amor, quando sente falta, é de si. nem saudades nem nostalgia. pressentido.

como eu queria morar em você, para tornar desnecessário escrever nas paredes.

26.6.06

atribuições

foi comprar cigarros na banca de jornal, últimos reais. chegou na banca, pediu o cigarro, foi pegar o dinheiro e tomou um susto. alguma coisa mordeu seus dedos! como nunca teve vocação para a economia então sabia que não podia ser um escorpião, que teria evitado até que se chegasse isso- e então achou que não tinha sido mordido, devia ser alguma coisa nos nervos ou um espasmo muscular mesmo.
e colocou a mão no bolso novamente. e mais uma mordida. não se intimidou e afundou os dedos procurando a causa do incomodo. tateou e só encontrou as duas notas um real. amassou-as e tirou do bolso.
antes de entregá-las ao jornaleiro resolveu desamassar. uma das notas abriu a boca e mordeu seu dedo. a safada não queria largar! o jornaleiro não acreditou.
enquanto um real mordia, a outra nota começou a chorar.
conseguiu soltar o dedo da nota e entregou os dois reais para o jornaleiro, que as colocou no caixa e aproveitou para perguntar como estava o dedo. como se já fosse amanhã.

23.6.06

luz verde

decidir entre o vento e o remédio. vazamento de gás, preciso ir ao dentista. gengiva vermelha.
bolão da copa tira a graça dos jogos, mais gol, menos gol. mais varig, menos varig. nota fria, posto de gasolina, dinheiro é fonte renovável. lastro em bronzeamento artificial. amarelo, atenção!
o sol vazando particulas, os carros vazando particularidades.
rua minguante, quarto de céu, farmácia nascente, rua cheia.
a presença do que asfalta.
atravessar a rua é questão de semáforo íntimo.

21.6.06

um nada

5 minutos para pensar em alguma coisa. tem gente que corre da morte, tem gente que corre do trabalho, tem gente que corre do amor, tem gente que corre de casa.
mas mesmo assim todo mundo é encontrado.
nem chega a ser irônico, já que é óbvio. não que o óbvio não possa ser irônico, está ai a gravidade para provar isso. niguém flutua.
lembranças da balada no crematório, onde todo mundo paga a consumação. e o mundo preto e branco vira cinzas.

19.6.06

auto-sabotagem

em uma sociedade que procura sempre a felicidade, chega invariavelmente o tempo em que as pessoas acabam se contentando com a tristeza.
é por isso que a editora firmamento tem o prazer de anunciar uma nova era na literatura brasileira. chegou a vez dos maus conselhos e das desgraças repetidas, dos mantras malditos e de comemorar as derrotas.
a honestidade infernal dos arrotos fora de hora, dos tropeços públicos, das promessas invertidas e das previsões descabidas finalmente encontra sua expressão mais justa e mau remunerada.
escreva um livro você também.

14.6.06

a copa é nossa, mas a cozinha é deles

os pastéis se revoltaram. principalmente os das feiras. especialmente os de tomate e queijo.
a feira é a mãe dos ideais dos girinos. os girinos são os grandes legisladores da atualidade.
os girinos gostam de pastel.

11.6.06

a cabelereira namora o careca porque não gosta de levar trabalho para casa

pagou para entrar, pagou para sair, pagou para se divertir, pagou para ir ao banheiro, pagou para olhar nos olhos e pagou para morrer.
depois cobrou para ficar, cobrou para entender, cobrou para ser entendido e cobrou para deixar.
calculou e resumiu:
os impostos se atraem.

notícias dão conta de que começa nessa terça feira a campanha " 1 dia sem armas", cujo slogan é: não atire hoje em quem você pode atirar amanhã.

eu vendo você,
você me compra
de olhos atados
sem piscar.

7.6.06

o que eu pensei sobre amor hoje

azar o do saci que está sempre com um pé atrás.
era de amar e não sabia; a gata desconfiada.
dilatados os corações é pertinente acariciar o oxigênio.
do sentimento que não está nem certo nem errado dança-se em quadrilha.
dando nomes para as pessoas pelo caminho.
não cabia.

6.6.06

remédio

frases dos deputados federais sobre a catarse do mlst no congresso federal:
" nós somos homens de bens"; essa foi do rodrigo maia.
" temos que impor limites para esse povo"; inocêncio oliveira.
" o judiciario tem policia, o executivo tem policia, só nós que não temos. somente temos seguranças, e eles estão desarmados." zulaie cobra.

alguém para fazer uma reconstituição histórica? não. todos acuados na sala niemier, preocupados com a integridade física. discutindo se foi uma ação da esquerda ou um embuste da direita, preocupados com a imagem do congresso, com a destruição dos computadores informativos na entrada do salão verde.

a distribuição de terra não aconteceu, a de renda nem se cogita, então vamos distribuir a idiotice mesmo, que essa é de graça e não atrapalha o latifundio.

agora uma cena: o menino pegou a bola de futebol, ergeu-a na altura dos olhos e disse: ser ou não ser, eis a questão, sou o cônsul brasileiro nos semáforos de são paulo, fazendo embaixadinhas...

5.6.06

tédio

vinha subindo a rua pensando em frigideiras. é que havia pouco tinha perdido um dos chinelos e o asfalto estava quente. por estar quente saiu de casa e por isso usava chinelos. por isso lembrou de cortar as unhas dos pés. lembrou de pegar o cortador de unha quando estava fritando um bife na frigideira velha. então saiu para comprar uma nova.
cutucou o elefante no joelho com a unha do sexto dedo da terceira mão e ai pensou - toda música é russa se tomada na hora certa.
acordou parado em uma pista de atletismo, na linha de largada. estava chovendo, olhou ao redor e viu um senhor com uma arma na mão. atentou para a frente e viu os corredores das outras raias já a meio caminho. olhou para o próprio corpo e viu que estava vestido de freira.
tentou dar um passo, mas desistiu, não queria sair dali. coçou a barba e procurou algum arco íris por perto.

exercícios

moedas gordas, muros leprosos. unicórnio eleitoral, dúvida cauterizada. cachoeira mascada, átomos perplexos.
fosse a fossa um fosso faria frente aos fatos.
como não é, então torna-se uma extensão da cama.
o carro travesseiro, a lembrança lata de cerveja, o tribunal casca de ovo.
a esquerda no poder é a direita com discurso. o mesmo vale para o amor e para o tesão.

31.5.06

balança

morrer, só um pouquinho.
a semântica dos vícios; altos e baixos.
as escolhas são a melhor maneira de juntar idéia com realidade, são relógios.
pesou, ficou leve, transparente, intransponível, e alguma coisa lhe dizia que ainda assim alguma coisa continuava igual. e, de fato, era a mesma mente para pensar em suicidio ou em amor. mas como identificar o que mudava?
quando prestou atenção, notou que estava se segurando para não cair.

29.5.06

andanças

foi ao parque levar o cérebro para passear um pouco. amarrado na coleira o cérebro fez contato com outros cérebros, cagou um pouco, balançou o cerebelo e depois pediu colo e queria ração.
como ele havia se esquecido, o cérebro ficou irriquieto e arrebentou a coleira. saiu correndo pelo parque e fugiu!

tinha tanto medo de atrofiar as idéias que se inflou de pressupostos.
muita procura e pouca oferta geram inflação.
remarcou os preços e os pensamentos, tentou separar as sessões de limpeza da de doces; e a de doces dos congelados.
por isso conseguia sustentar longas conversas com os mercados do bairro.

a mulher cerveja bebeu o homem cana mas o sujeito celofane não gostou, tentou brigar e acabou agredindo o rapaz telefone. foi quando a moça televisão tentou atravessar a rua e foi atropelada pela menina carro. enquanto isso moço janela fumava o cigarro jesus.

ouvi uma lenda esses dias. é sobre um homem que tem verdadeira fixação por assinar contratos. basta ele avistar uma ata, não quer nem lê-la e prontifica-se a assina-la. parece que ele já assinou mais de 10.000 contratos na vida e não quer parar. pode ser de qualquer pessoa, ele ronda os escritórios e reuniões empresariais para satisfazer suas necessidades autograficas. isso que é compromisso.

26.5.06

vulcânicas

vou fazer uma promessa. se eu conseguir descascar esse abacaxi direito eu paro de fumar.

quando o duende ficou doente e a bruxa ficou broxa então brotou água dos sapos.

as diferenças entre os nossos mundos podem ser entendidas assim: você se preocupa com a extinção do meu sol e eu me preocupo com as fases da sua lua.

o tempo frio passa tanto quanto o tempo ameno.

toda vez em que tento pensar em uma cor penso também nas outras cores; a intuição é um sentimento pintado nas costas da razão.

o futuro sólido, o presente líquido e o passado gasoso.

pensar em você ou pensar por você.

23.5.06

essa vida me mata

a falta de criatividade talvez seja a maior de todas as criatividades. afinal o espanto que causa o óbvio revela o tamanho da inanição existêncial em que nos encontramos. selecionando matérias.
enfim, a nuvem em forma de tubarão mordeu a nuvem em forma de mulher. saiu voando um pedaço da nuvem mulher, era uma perna que logo se transformou em um elefante. ao lado deles a nuvem camaleão fazia as vezes de poesia enquanto tentava comer moscas.
prever o amor, a próxima forma das nuvens, bater o texto, bater o carro...
e isso tudo circunscrito nas circunstâncias, estamos atmosféricos.

17.5.06

e=mc2

já que tem de haver uma são paulo e nela deve haver polícia e bandidos então certas coisas vão acontecer, necessariamente. vão precisar dividir o bolo e colocar a mesa. como fazem os pobres e os ricos, os ratos e as baratas e o papel e a caneta. em lados opostos um risca o outro, mija no outro ou até mesmo se apropria dos totens do outro. com as ferramentas disponíveis causam entretenimento e visam a captura e antropofagia do agrupamento antípoda. por razões óbvias os grupos acabam covivendo, tendo pontos de contato e sabendo muito uns sobre os outros. as coisas geralmente se restringem aos pontos de contato do suborno - o salário mínimo é um bom mau exemplo - mas de vez em quando é preciso mexer nas coisas e então algo acontece.
isso parece acontecer no oriente médio, na esquina da teodoro e em qualquer casamento mal sucedido.
vou dar um exemplo. hoje no metrô, a meio caminho entre o clínicas e ana rosa, no vagão lotado um homem virou-se para o outro e disse, calmamente: desculpe, mas o senhor está dando choques.
o homem ouviu e se afastou um pouco, com a convicção do estranhamento. ao se aproximar de duas moças saídas do trabalho eu, que estava próximo à porta ouvia quando as duas deram dois gritinhos, ao contato com o homem. elas também tomaram choques e ficaram espantadas.
a moça se segurou nas barras e todos os que também se apoiavam nelas tomaram choques. e uma namorada que pegava na mão do namorado deu um choque no namorado que encostou a perna na velinha no banco especial que quase encosta em mim.
as portas se abriram e todos incomodados no vagão ficaram esperando para tentar não encostar em niguém, quando eu sai fiquei com medo da escada rolante.

16.5.06

através

quando o livro viu a traça passando, já sabia que ela iria voltar.
mandaram a balança para o conserto, os dias bons, as horas ruins, os minutos indiferentes e os pensamentos afogados.
ela queria dizer algo, mas só conseguia falar de outras coisas. como aqueles atalhos desconfortáveis que a gente pega só para não pagar pedágio.
era mais um dia entre a realidade e o real.

15.5.06

alucinógenos

os dias passam para trás. hipnose de regressão. a volta ao útero, quando tudo começou a dar errado. é assim que se descobre o passado.
boa noite.

12.5.06

analogias

brasil mini saia, um país justo e obsceno.
brasil sexta feira casual, cada um usa o que quer.
brasil cobertor de pobre, brasil camisa havaina, brasil pochete, brasil polaina...
mundo, vida, sociedade, futebol, suruba, amor.
sem mais delongas, a vida é curta.

10.5.06

amor de peixe

o seu amor é uma ponte. uma ponte é uma isca. um isca é um garfo. um garfo é um espelho. um espelho é um amor.
consigo ver seu coração batendo cada segundo para um lado, um pêndulo difícil, guardar a entrega, entregar a guarda. usar turbante.
sem previdência, para o deserto descontrolado, chamando areia para dançar, recriando o medo de confundir o certo com o errado. atolice.
agora uma histórinha; a flor na cabeça do peixe.
tinhamos um aquário e nesse aquário vários peixes ( desculpe-me a redundância), era um aquário convencional até que um dia apareceu uma flor na cabeça de um dos peixes. não houve nada de anormal, o peixe continuou peixe e o aquário continuou aquário. mas parecia que aquilo estava errado então ficavamos horas olhando intrigados para observar se algo aconteceria com o peixe. se ele pularia para fora d'água e nos ditaria um novo evangelho, se ele seria demoniaco, se sofreria auto-combustão, se contaminaria os outros peixes. os dias passaram e tudo continuou perfeitamente ordinário.
e o peixe? ah, o peixe nada.

9.5.06

facilidades

certo, então você comeu o mingau dos ursos, cortou caminho pela floresta, mordeu a maça.
tentou ensinar uma formiga a se revoltar, o horizonte a fazer contas, as calçadas a beberem a chuva.
mas queria mesmo era testar os limites da imaginação, então cortou o sexto dedo da sua terceira mão.

4.5.06

fora

a música está perto demais, a lua está perto demais, até eu estou perto demais.
não, preciso trocar o disco, esperar o dia, afastar um pouco.
ficar em silêncio, passear pelo quarteirão, refletir os modos.
gritar, abraçar uma árvore, mudar de vida.
torcer pela chuva.

poço cartesiano

começou a cavar o poço tentando chegar do outro lado do planeta. uma lanterna, uma pá e uma carrinhola. iria cavar pois estava precisando de exercício, estava entediado e queria um pouco de perspectiva, além de sentir que cavar lhe daria alguma coisa que não cavar não daria.
afinal um poço sem fundo é um túnel.
passar pelo magma, pelo smegma, pelo sigma e pelo sigmund. tentar achar algum significado na jornada, como aqueles filmes ruins que passam duas horas tentando se justificar. pensava também nos conceitos com que costumava tratar a vida. feliz/infeliz, satisfeito/insatisfeito, e todas as contradições que convivia.
ai então se pegou no poço, só faltava saber se estava caindo ou subindo.

3.5.06

eu quero um cigarro!

é como perder uma guerra por w.o;
enfim, somatizando para entender. do ponto A até o ponto B foi desenhada uma reta, o problema é que a distância entre os pontos tinha um quê de gravidade de banheiro de boteco, algo mais para curvaturas paralelas. ou seja, a menor distância entre dois pontos é o sexo.
além disso, estávamos lá olhando a paisagem quando passou uma alucinação. você dizia que era um casulo de borboleta e eu insistia que era um carro fúnebre. de fato, as subjetividades, em fenômenos de alucinação coletiva, sabem atirar.
por fim, uma histórinha... o amor de modelar.
era uma vez um amor de barro, que o casal ficava modelando, enquanto tentava decidir a melhor forma para colocar no forno. maleável a principio e depois cada vez mais rude, a textura do barro foi perdendo a água e começou a rachar e diminuir. o casal, percebendo a situação, acordou um dia e decidiu que já era hora de consolidar o amor no forno.
e agora têm lá um cinzeiro para as visitas.

22.4.06

até aqui

uma viagem dai, um doce daqui. depois um cigarrinho, muita saudades.
operário ou vanguarda?
marcha suave do vento convalescendo da noite.
o suco está na geladeira, a forma de bolo quebrou.
e fico imaginando sua pupilas dilatadas. estou grávido.
o que me faz nesse momento, mesmo não sendo o que me fará daqui um pouco, é tão seu quanto meu tempo,minha concepção de tempo e eu podemos ser de alguém, mesmo quando não nos compreendemos.

20.4.06

a cabeça da dor

ontem, através da noite, uma garrafa me bebeu e eu estive uma ampulheta. eu vazava areia, meus ouvidos doiam, fui fazer uma anotação mas a caneta me desfez.
ao fogão, tive a clara visão de que fritava minha mão.
no banho o sabonete é quem se limpava em mim, depois o travesseiro dormiu na minha cabeça. as roupas que eu uso estão me usando; como faz a tv com o controle remoto e o controle remoto com meu dia.
estou confessando enquanto peco, o dinheiro vai pagar o aluguel comigo e depois vai ouvir música, para poder tirar férias das portas da casa.

19.4.06

canil municipal

tem saudades chiclete. acaba o açucar, a gente continua mascando e quando joga fora ainda gruda no tênis.
tem lembrança cacto, que nasce no asfalto; no deserto lotado.
tem memória tubarão, que sente o sangue de longe e volta com toda a fome do mundo para espantar os cardumes de raciocinios.
além delas há os documentários que a gente sabota. e além deles está a janela, que se abre cada dia para um céu diferente.

18.4.06

lúdico

então chegou um dia em que - face ao estágio avançado das trocas, tanto as reais quanto as simbólicas, naquela sociedade perdida da Onanolândia - as pessoas resolveram comprar e vender seus sonhos.
a tabela de preços, as tonalidades, a listagem dos tipos, o prazo de devolução. tudo nos confomes.
foi um tal de um comprar o sonho de voar do outro, o outro pagar com o sonho de consumo do um e assim por diante.
eu, por exemplo, quando vou dormir nem sei mais o que é meu e o que é dos outros. esses dias adquiri um sonho de cantor, mas um vaso com um bonsai de tomates insitia em aparecer pelos cantos do sonho. durante toda a noite. mudei para um sonho com mulheres e livros que estava na promoção e o vaso continuava lá.
e agora, com esse vaso traficado, com a grana gasta, com o sono devoluto, o que fazer? ouvir a voz:
- o negócio é esse mesmo, vai sonhando.

17.4.06

amortecidos

eu sou aquela praia, o que aconteceu nela acontece comigo. os pensamentos de areia.
você é aquele céu, as teias de nuvens.
a sombra e o reflexo; de maneira que a realidade somos nós juntos.

12.4.06

falando

resolvido a pegar um ônibus qualquer acabou desovando no centro pela madrugada calorosa da terça-feira, 11. algum tipo de sarna na intuição que serviu para entender diferente as pessoas.
ela espalhou as coisas pela casa e me deu a certeza de que precisa de espaço. está ai uma das vantagens de olhar, o cumprimento pelo comprimento. depois imaginei-a com 3 metros de altitude, 3 de distância, o que quer que seja. ela fica longe engaiolada.
deixar. traquitana bendita, com as buzinas em coro arrancando os cabelos e os dealers cotando os preços dos remédios, cortando a bolsa, cortando os pulsos, gastando impulsos. ô, coisa; vê se pára com essa mania. ou resolve na força ou na argumentação. que falta de criatividade.
pois na volta, descarregado, com as palavrinhas pequeninas já perdendo a vontade ai piscou dentro da lembrança aquela. amor. a calçada, o posto de gasolina e a luz no asfalto.

11.4.06

cascata

antibióticos são como vaselinas que são como sapos que são como mel.
como no capitalismo ideal em que cada capítulo paga ao outro para escreverem histórias cíclicas.
ou no sistema bancário em que os dentes careados encadeiam a mastigação com a fome.
se chegar bem perto da sua cabeça pode ser que consiga ouvir as vozes.
cansou e sentiu dormir.

10.4.06

a lua transparente

o terceiro mundo terceirizado está canonizando pesadelos. o procedimento: fazer concreto com intenções e depois enterrar os fantasmas na horta trangênica.
estagnado ou em movimento, o que importa é que exporte o bastante para esvaziar a culpa em dólares.
de grão em grão é capaz que engraxemos os sapatos. comsumesmo.
reforma agrária, distribuição de renda, justiça para todos. o que é isso mesmo? ah, sim. lei de incentivo fiscal.
sair para dançar ao som de campanhas de festim. encolhendo o voto.

7.4.06

família

a tia conveniência se afogou na piscina ética. o tio argumento ainda tentou fazer um boca a boca, mas já era tarde. o enterro foi no cemitério da semiótica.
passados alguns anos do acontecido acho que posso dizer que foi uma lição de vida.
isso tudo porque pouco antes de cair no aquário de gente, a tia havia se entupido de carne e salada, enquanto enunciava sua fé no futuro. haveria um dia melhor, haveria ordem e lógica e todos conseguiriam realizar o que quer que quisessem.
enfim, para dar fecho; as primas esperança e irônia cresceram sem mãe.

5.4.06

não sei o que isso quer dizer

estavam jantando expectativas. eram as estrelas esperando para entrar na noite.
depois foram tomar um banho intuitivo. como os gatos subindo nos telhados para farejar comida.
então esperaram o amanhecer, como uma morte seletiva, que faz mais bem que mal. um renascimento como a páscoa para o cacau.

1.4.06

então tá bom

1- pois então, em um país tão cheio de lunáticos pelo menos um teria que ser astronauta.
2-"vai dar merda". está ai uma frase que transforma cegos em videntes.
3 -e sobre aquele filhote de zebra revoltado com os leões:
para quem ainda não sabe. havia nas largas paragens da savana da vasectomia um filhote de zebra que não conseguia se conformar com a complacência dos seus quando chegavam os leões para cobrar o dízimo. o filhote tentava planejar contra ataques, construir armas, iniciar uma greve, fazer-se ouvir, mas todas as outras zebras achavam que aquilo era parte da natureza e que não havia muito o que fazer contra os leõs, que afinal nem eram o maior problema. havia ainda os crocodilos, as hienas, a fome e os tropeços.
o filhote de zebra foi crescendo cada vez mais indignado com a idéia de virar comida dos outros, perdeu a mãe, não sabia quem era o pai, deixou irmãos, viu primos serem comidos, apodrecerem, se degenerarem.
até que um belo dia ( que belo conceito é um belo dia) o filhote, já não tão filhote assim, cansado de ser excluído pelas outras zebras resolveu encampar a idéia de que a vida é assim mesmo e que todo mundo serve para alguma coisa e que o ego só atrapalha e foi dar uma volta inspirado pela aceitação social.
não deu outra, deu zebra.

29.3.06

façam suas apostas

colocar as fichas na mentira ou na honestidade?
as escolhas, assim como os erros, são aquela mistura de acaso com destino que dividem o controle com a gente.
fica a seu cargo;o preto 15 da razão ou o 20 vermelho do instinto.
só não se esqueça nem se deixe levar.

ladrões e contextos

acordei com os gritos da vizinha de baixo: está todo mundo se matando!
abri a janela cheia de chuva e constatei, realmente estavam todos acabando com as próprias vidas. alguns se jogando na frente dos carros desgovernados que passavam, outros pulando dos prédios, uma senhora sangrava distribuindo facas para os mais calmos. um revólver passava de mão em mão, como um baseado.
assisti ao espetáculo até o desinteresse. será que eu teria que me matar também? tentei raciocinar, pensar nas criançinhas, nos bichos, mas só conseguia imaginar se ela acometeria-se também...
não. não foi um sonho. acabo de olhar pela janela e os corpos estão lá ainda. não há muito mais gente na fila para se matar, vou ter que escolher logo.
até lá, me diz a razão: reserve suas economias, dê o melhor de si, meça sua inteligência, acaricie sua inveja e continue sem entender, só não roube idéias, propositadamente.

28.3.06

guerrilha

1- passando mantega no pão: ligar para o ministério da fazenda e dizer que o copom abaixou os juros para 3%. logo depois ligar para o copom e avisar que o ministério da fazenda congelou todos os preços.
2 - contra-informação: avisar os jornais que um hacker qualquer está invadindo os computadores do BC e redistribuindo a renda na marra. depois ligar para os bancos informando sobre uma possível leva de investidores nervosos que resolveram sacar todo o dinheiro ao mesmo tempo.
3 - neo-petismo: pedir a pena de morte para o caixa-2 e dar um tiro no pé.

27.3.06

mudar o mundo

hipocondriacos, hipócritas, de rabo preso, absortos, lubrificados.
não há mais muita diferença entre os pronomes verbais.
impacientes, incipientes, traidores, fidedignos, designados.
não há mais muita diferença entre os tempos estudados.
peça de teatro, filme-cabeça, livro-alívio, poema-telefone-sem-fio.
enquanto planejam uma nova era de consciência, os criadores não se importam em ganhar algum com isso.
mas também, todo mundo precisa sobreviver. então, já que essa é a equação, fazer o quê?
viver bem; não se sabe aonde isso desagua. que tal no tietê?
p.s: um dia, um porquinho insatisfeito resolveu não tomar mais banhos de lama. ao mesmo tempo, em outro lugar, uma cadelinha entristecida decidiu que tentaria ser menos triste e aceitou usar uma coleira. passados alguns meses uma epidemia de alegria matou todos, que morreram felizes, para sempre.

22.3.06

o amor não é uma paciência exata

a formiga no teclado é quem está digitando esse texto.
o elefante no sofá vai ditar uma frase: estou com fome!
a mosca na xícara quer mais café.
a mariposa em volta da luz quer atenção.
nada que uma passada no zoológico não resolva.

17.3.06

labirintocado

ferro e fogo servem para laboratório. a oratória elaborada do nunca. que arrebenta o emissor, qual bumerangue bêbado.
se o sangue ferve, então serve para alguma coisa; reflexão, dar o braço a torcer.
na rua, em casa, no banheiro sujo da balada, no confessionário da lotérica, no depoimento cancelado, no habeas corpus, no hablo português - é o jeito.
candidato a problema.
piloto automático.

15.3.06

cloacatapultas

da rinha de galos à gripe do frango, duda está em cima do puleiro, cacarejando silêncio para não se comprometer botando algum ovo de colombo.
heloísa tentou fechar o cerco no circo, mas teve que se contentar com a idiotice do chefe da mesa, que exigiu que se deletasse sua referência ao legislatOvo podre.
o neto fez a barba e o bigode, só se esqueceu de tirar a foto do Ovô da carteira.
arnaldo faria, mas não vai fazer muita coisa não.
ontem, alckimin comemorou a candidatura comendo pizza com seus amigos da ovos dei.
o stf prefere poder a querer.
habeas corruptos.
em suma, uma ovação.

14.3.06

as luzes sentem falta

me exprema como uma laranja.
um bode expiatório para seu amor.
como as formigas para a fome do tamanduá.
ou simplesmente, as suas pupílas do tamanho do meu mundo.

13.3.06

aperfeiçoar o nariz

quem ai também não aprende com os erros?
estou escolado com super bonder.
ecoando o mesmo café todos os dias e pior; pensando e dispensando.
afinal, cagada a gente faz todo dia, o negócio é não culpar o papel higiênico.

12.3.06

longe

ainda havia muita estrada, mas maria foi chamar joão e chamou josé.
nossa...
o que fica, o que vai. de honestidades essa história está cheia, mas não completa.
o papel que cabe a cada um nessa palhaçada; um coloca maquiagem, o outro tira.
vão acusar o picadeiro? nada mais cômodo que a falta de modos.
mas a cena continua, dorme-se e acorda-se para as lembranças, até que seja tarde demais para contar nos dedos. perdoa a quem doer.

9.3.06

palavra ruim

rancor e carne de segunda; se deixar no freezer ficam intragáveis. como cigarros enrolados em papel de pão. pão que depois de 3 dias vira tijolo/ do mesmo jeito que é ruim ficar muito tempo em casa, é ruim também não querer sair dela. como acontece com relacionamentos traumáticos e presenciar cenas problemáticas.
a ordem dos fatores não altera os bois mas cuidado para não colocar o produto na frente da carroça.

6.3.06

noções de continuidade

me arranja umas pílulas de metira para eu atirar no poço. fazer uns desejos em desjejum para a estrada não acabar mais e continuar acelerando até decolar. passar os pedágios, descer a serra com a mão na sua perna.
era só reduzir a marcha para o carro morrer.
e mais nenhum plano, nem close, nem aberto, nem plongê. só travelling.
agora não somos mais das garrafas.

17.2.06

sindicatos

Na iminência de seu fuzilamento, nas tristes paragens do monte Desova, já ao final da Guerra do Cobre; o general de brigada Otomar Sereviano pediu a palavra:
Se o líder do pelotão não se importar eu gostaria de comandar minha execução.

O sax tenor Picket Gilles não gostava de tomar banho após as 22 horas, fuso horário de Amsterdã. Também exigia que seus shows durassem exatamente 45 minutos, mesmo que para isso interrompesse uma música.

Na manhã de 25 de abril de 1987 o empresário Jacques Polt e o sindicalista Amaral Ferrugem deram-se as mãos e resolveram um impasse mais antigo que o próprio capitalismo. Iriam se odiar mutuamente enquanto não precisassem um do outro.

15.2.06

radar

depois bem, avariar é bom.